terça-feira

Cosmopolis, 2012 de David Cronenberg


                                                                                                                     


O filme de David Cronenberg é, sem sombra de dúvida, o retrtato do nosso século. Enquanto o passado foi marcado pelo conhecimento, o nosso é marcado pelo consumismo. Do consumo barato ao luxo do conforto, carregamos o estigma. Ninguém escapa.

Enquanto o personagem de Robert Pattinson, poderoso e multimilionário quer atravessar NY num dia caótico apenas para cortar o cabelo, é avisado várias vezes de que o dia não é propício. Para provar a si mesmo que pode fazer o que bem entender, que está acima do bem e do mal, encara um dia de trabalho dentro de uma limosine, pessoas entram e saem do carro em cenas captadas sem ruído algum, "protegidas" pela acústica interna, para no fim ele encarar um duelo verbal com seu algoz, na melhor sequência do filme. Durante o percurso ele aposta em ações falidas e perde toda sua fortuna.

Uma cena é desconexa da outra. E definitivamente o filme poderia ser outro para mostrar um valor tão importante. Ninguém se aguenta na cadeira do cinema, é preciso um espectador atento e de boa vontade para concluir o objetivo do diretor.

O personagem é casado com uma mulher de porcelana, suas conversas refletem a falta de interesse que um tem pelo outro. Estão juntos por questões de negócios de dinheiro e poder. Ao longo da história, ele tenta uma redenção, mas longe de ser acolhido continua vagando por uma cidade agitada por manifestações grotescas conta essa ditadura que nos confina e idiotiza.

Quando ele finalmente chega no seu destino, ali está um garoto em busca da família, aquele velhinho barbeiro é o símbolo do que é acolhedor. O personagem está falido, carente e frágil. Quando perde tudo começa a refletir. Ali o conflito de valores vai começando a aparecer e tudo se torna mais interessante.

O encontro com o mendigo de Paul Giamatti conclui o enredo, o milionário não consegue ter a empatia que o outro tanto espera. Nos faz refletir sobre o mundo atual, onde tantas pessoas só querem ter a chance de serem vistas de verdade. A violência muitas vezes existe numa tentativa desesperada das pessoas de chamarem nossa atenção, um chamado mudo pela salvação.



segunda-feira

Cinquenta tons mais escuros, de E.L.James




Cinquenta tons mais escuros é mais suave. No primeiro nos apaixonamos e odiamos aquele homem tão sedutor e corrompido. Agora a autora humaniza aquele vulcão dominador. Vamos entendendo que ele usa todo aquele controle para se defender do mundo. No fundo, é um menino assustado, com medo de ser abandonado e rejeitado.
O sexo continua sendo o pano de fundo do livro. Mais realista, mais próximo do bom senso, vamos torcendo pelo casal no decorrer da leitura. Começamos a pensar na possibilidade de estar no lugar daquela garota. Será que Cristian Grey no fundo é o homem dos sonhos de qualquer mortal do sexo feminino, ou o mais traiçoeiro e manipulador dos homens? Dia 15 de novembro chega nas livrarias o terceiro volume.
Por enquanto, só fica aquela pergunta - será que ser maltratado na infância, abusado sexualmente na adolescência, rejeitado pela própria mãe e ter um pai desconhecido de alguma forma influencia nossa sexualidade, assim como influencia nossa personalidade?



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