terça-feira

Como pensar mais sobre sexo, de Alain de Botton




Colocando todo o preconceito de lado fui ler 'Como pensar mais sobre sexo'. Alguém que considero muito me falou muitas vezes nos últimos meses sobre o livro e a forma como a filosofia de Alain de Botton mudou sua forma de pensar o sexo. Enquanto andávamos pela livraria conversando sobre nossa vulnerabilidade na educação dos filhos o livro salta aos nossos olhos e finalmente trago-o para casa.
Com título um tanto quanto clichê, típico 'Como fazer...' síntese dos livros de auto-ajuda, o criador da The School of Life, espaço dedicado ao exercício da filosofia, com sede em Londres e com chegada breve no Brasil, coloca os livros do gênero publicados pelo instituto no patamar de filosofia. Sim, se pensarmos no verdadeiro significado da palavra, não deixa de estar com razão.
Não se trata de um manual a la Kama Sutra, e sim de análises do cotidiano e do nosso comportamento como ser sexual.
Os temas vão de masturbação a adultério, passando por sexo no casamento e a visão da pornografia num mundo virtual e globalizado que vivemos atualmente. De Botton sugere, por exemplo, que estamos canalizando nosso erotismo para modelos que geram vazio depois da satisfação, enquanto deveríamos sentir tesão por situações que pudessem de alguma forma ser transformadas numa fonte constante de prazer depois do sexo em si.
Também coloca amor e sexo como duas coisas completamente diferentes e na maioria das vezes excludentes uma da outra e com o mesmo peso de importância. Explica de onde vem o moralismo social que gera tantos tabus, fazendo com que o sexo vire algo pessoal demais para ser vivido tão abertamente em certas situações.
'Como pensar mais sobre sexo' é na verdade uma introdução ao tema, que merece maior profundidade antropológica. Para quem se interessa pelo assunto é uma boa porta de entrada. O livro faz parte de uma coleção de seis volumes que abordam temas existenciais sob uma ótica filosófica.



sábado

O tigre na sombra, de Lya Luft




Em 'O tigre na sombra' vi 'O bruxo'. Lya Luft escreveu a orelha do livro de Maria Adelaide Amaral, um texto lindo, forte que só alguém com profundo conhecimento da alma humana conseguiria fazer. Não sei se são amigas, mas com certeza são duas pessoas fascinantes.
Encontrei também Pirandello. A certeza de que somos muitos dento de um só. Conseguimos e devemos conviver com cada faceta de nossa persona para de alguma forma sermos inteiros, quisá realmente livres do julgamento alheio.
E principalmente vi alguém que percebeu desde cedo que a vida que corre dentro de nós, essa misteriosa e cheia de questões, pode ser avassaladora. E cabe a nós decidir conviver com a fúria dos nosso sentimentos mais íntimos ou ir viver o faz de conta do cotidiano, que sim, pode ser a vida real, mas pode também te tirar o chão quando a vida te prega uma peça, afinal você escondeu a vida toda aquela que poderia te dar algum suporte. E assim, pelo medo de ver no espelho a força da mulher que podia ser, decidiu não se olhar mais, deixando aquele tigre adormecido na sombra.
Nessa história, uma menina se descobre diferente e essa diferença vai fazer com que tenha uma infância e adolescência muito introspectiva, difícil, de muita dor por se sentir aquém dos desejos da mãe e profundamente incompreendida. Um vulcão com tão pouca auto-estima.
A menina do livro vira mulher. Um dia a ovelha negra desabrocha e vira, irônica e inevitavelmente, o fruto mais precioso que aquela família conseguiu gerar.
Quando conta sua história , já são lembranças. E é por isso que o livro tem uma força tão grande. Todos nós trazemos bagagens do tempo, Lya Luft soube definitivamebte o que fazer com a sua.



LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...