terça-feira

Fogo - Diários não expurgados 1934-1937, Anais Nin (Ed LPM)



A impressão final ao ler os diários de Anais Nin é de estar diante de uma mulher rara. Mulher que nunca teve medo de olhar o mundo de frente, leal a si mesma e aos próprios sentimentos. Ousada para seu tempo e também para os dias de hoje no que diz respeito as relações de amor. Foi casada com um homem a quem amou, devotou um sentimento de gratidão eterna. Da maneira dela, foi leal a esse casamento. Era como se ali ela tivesse o pai, o Deus, o homem para quem ela pudesse sempre correr. Hugh Guiler foi seu verdadeiro porto seguro. Mais tarde, estando ainda casada com ele, casou-se com Rupert Pole e teve o casamento anulado por questões legais. Paixão de alma ela sentiu por Henry Miller, de quem foi amante por uma vida, e conviveu a maior parte do tempo. Passaram por crises, e nesses momentos ela encontrava novos amantes.
A vida comum era pouco para a autora dos diários, ela queria mais, queria viver apaixonada, sentindo a vida pulsar nas suas entranhas, nem que para isso ela mentisse compulsivamente. O que importava era que estava em busca 'de ser feliz', e não há mentiras injustas para quem busca ser feliz. Ela queria ser fiel aos seus sentimentos. Mentia porque não queria magoar quem amava, e só depois da morte do marido, os diários foram publicados na íntegra. 
Anais Nin buscou o amor incessantemente. Ela queria por a prova todas as nuances da sua personalidade e cada relação proporcionava seu contato com uma parte de si. Amante da psicanálise, procurou pessoas que a estimulassem intelectualmente e mantinha essas relações até esgotar toda aquela sede de se entender, de se libertar emocionalmente. Então voava para outras paragens, encontrava novas pessoas, estabelecia tantos contatos quanto sentisse necessário, para continuar apaixonada, para continuar achando graça na vida.
Fogo, o terceiro volume, relata o período de 1934 a 1937, quando ela vai para a América, tentando fugir do seu casamento e da relação com Miller. Se envolve com o psicanalista Otto Rank, discípulo de Freud, autor de O trauma do Nascimento. Mas logo, desiludida, volta para a Europa, onde vai se apaixonar perdidamente pelo peruano Gonzalo Moré.
Escrito no calor do momento, temos acesso as suas artimanhas, o que pensava por trás de cada mentira, suas tentativas desesperadas de não magoar quem amava, Fogo deve ser lido como uma confissão corajosa. Provavelmente nem seus analistas tiveram acesso aos seus mais profundos e sinceros pensamentos.












3 comentários:

Lud. disse...

Sá, li um livro ótimo e soube que ele foi traduzido em português...

Grito de guerra da mãe-tigre (Amy Chua). Vê se te interessa e me diz. Quero saber o que acha :)

sabrina. disse...

Obá!!!!!
Vou atrás hoje!
depois te conto! bjbj

Angelika disse...

Não posso agradecer ao Dr. EKPEN TEMPLE o suficiente por me ajudar a restaurar a alegria e a paz de espírito em meu casamento depois de muitos problemas que quase levam ao divórcio, graças a Deus que eu quis dizer o Dr. EKPEN TEMPLE no momento certo. Hoje posso lhe dizer que o Dr. EKPEN TEMPLE é a solução para esse problema em seu casamento e relacionamento. Entre em contato com ele em (ekpentemple@gmail.com)

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...