quinta-feira

Um século de miopia.




Juliana estava por volta dos seus 40 anos. Se sentia madura e auto-suficiente até perceber que não conseguia mais se focar em atividade nenhuma. Não lia, não via um filme por menor que fosse, não tinha amigos. Seu universo era o da família. Sem querer admitir que estava vivendo uma vida completamente superficial, se fechou para sempre no seu mundo autista e evitou se olhar no espelho pra sempre.



segunda-feira

Como Nelson Rodrigues

Adoro ouvir por aí que Nelson Rodrigues adorava observar as pessoas. Que o melhor programa era ir para as festas e ficar no canto, observando as conversas. Sair por aí e passar desapercebido, só para poder olhar. Penso que isso realmente é gostar do ser humano. Mas queria ter tido a oportunidade de poder perguntar para um homem como ele como conseguia fazer isso sem parecer um louco inconveniente.

sexta-feira

O Anjo e o Resto de Nós


Leticia Wierzchowski me faz lembrar um pouco de Gabriel Garcia Marquez. Uma leitura tão lúdica quanto, mas bem menos densa. Me diverti demais!







" Sempre que Apolinário ia ter um de seus ataques, Macumba tratava de avisar Violeta para que ela ficasse atenta. Se era ataque de comer as samambaias, Violeta e Margarida já começavam a cantarolar baixinho antes que o pai se metesse pelo corredor da selva; se era vontade de comer os canteiros, já se fazia leite com mel."

" Margarida tratou de rezar uma novena pelas almas da família, que andavam perdidas em pecado e fornicação. Por isso não podia entender porque Deus lhes mandara Emanuel. Afinal, o que fazia um anjo no meio daquela loucura de ateus e prostitutas e loucos de malancolia, como Apolinário? Mas Margarida não ousou contar ao padre sobre as asas do sobrinho, pois Gardênia disse que o clero haveria de confiscar o menino para enfeitar o Vaticano."

"Margarida decepcionou-se: imaginara que o menino cairia de joelhos ante a imagem do Cristo,...Pegou o sobrinho pela mão e indagou-lhe porque não chorava nem fazia um milagre, nem nada.(...)
- Não se iluda tia Margarida, Deus não mora aqui. No máximo, vem de visita.
- E mora onde, meu filho? - perguntou ela, ansiosa.
Emanuel que, apesar de anjo nunca tinha visto Deus, confundiu-o com o fantasma do pobre Macumba, que vira tantas vezes de conversa com Ariel, e respondeu:
- Mora na clarabóia lá de casa. E é preto."




segunda-feira

Crianças brincando.

Li um artigo escrito pela Denise Fraga na revista crescer desse mês sobre a brincadeira. Concordo tanto. Acho que as crianças hoje em dia nascem com suas vidas já engatilhadas, programadas, rotina pronta!
Nao contratei uma baba quando estava grávida porque nao sabia que tipo de vida eu ia quere ter com meu filho. Na hora que precisei fui atrás!
Crio meu filho no chão desde os 3 meses, antes com uma almofadona, hoje com 8 meses ele se arrasta pelo chão varrendo a sala. Ja me falaram que preciso estimular o joelho pra ele engatinhar perfeitamente. Por mim ok ele nao engatinhar perfeitamente.
Acho importantíssimo o momento que pais sentam no chão para brincar, mas tão importante quanto é mostrar pro seu filho que ele pode explorar a casa e criar brincadeiras. Em determinadas companhias me sinto péssima por nao querer passar o fim de semana ajudando meu filho a brincar, a sentar, a se firmar de pé. Acho que ele tem o tempo dele pra descobrir tudo isso, com calma. Acho super saudável um ambiente em família onde todos estão juntos no mesmo lugar, mas fazendo coisas diferentes. Procuro deixar o Miguel na dele pelo tempo que ele precisar, é tão bom ver ele descobrindo cada cantinho e detalhe do mundo!
Precisamos deixar nossas crianças mais sozinhas, só assim elas vão aprender a brincar!


domingo

Porque não vale a pena julgar?!

Fico pensando nas pessoas que tanto julgam as outras. O julgamento é algo complicado, acho que faz parte da condição humana, mas também é preciso tomar cuidado pra nao ficar obcecado pela vida do outro aponto de esquecer que somos muitas vezes iguais, agimos de maneira duvidosa, avessa a moral de muitos, e as vezes avessa até a nossa própria.
Bom, mas o julgador de plantão, na hora que se vê obrigado a olhar pra si, quando fatos que atingem seus valores morais o pegam de surpresa, se fecha de um jeito fulminante que você mal pode chegar perto, e nada pode fazer.

quarta-feira

Black Swan







Saí transtornada do cinema.
Fui assistir Cisne Negro. Minha mao tremia, meu corpo tremia. Cabaleei e fui pro banheiro respirar. SIM, é um filme que toca, que cutuca, transforma. Fico imaginando a atriz, a transformacão que ela deve ter sofrido pra construir esse personagem. Com certeza é outra pessoa depois de 1 ano. Esse foi o tempo que ela dedicou para criação do personagem. Horas de balé diário. E a vida do balé é assim, pautada por grandes desafios psicológicos, muitas vezes maiores que os enormes desafios físicos. Muita dor, muita entrega, muita disciplina, e muitas vezes jogos de intrigas e briga de egos. Soube que quando os produtores tentaram entrar em contato com as companhias de balé para falar sobre o filme, foram todos muito relutantes em atender e entender que realmente queriam fazer um filme serio sobre balé. Fizeram.

quinta-feira

Mulheres vazias

Existem mulheres e mulheres. Existem mulheres que não deviam nem ser chamadas de mulheres. São seres que não são nem como gostam de ser chamadas romaticamente mulherzinhas, aquelas que gostam de cuidar da casa, do marido, dos filhos, que tem muito valor por isso. E tbem não são aquelas mulheres que trabalham, donas de seus narizes, donas de seu destino, donas de suas palavras. Existem umas coitadas, que são zumbis, escravas do relógio onde as horas não passam, que estão sentadas esperando a vida passar, sem questão, sem razão…pobres de espírito, pobres de amor próprio, vivendo a vida dos outros, sem saber o que faz feliz.

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