segunda-feira

Era uma vez


Fui pro cinema esparando uma história de amor, com o drama da diferença de classe social, o preconceito dominando e tal. Tinha ouvido a entrevista com o diretor Breno Silveira no Trip Eldorado, ele contando do empenho do ator Thiago Martins pra conseguir o papel, era o papel da vida dele porque era o que ele vivia, ele tinha vindo do morro, viveu tudo aquilo. Só que ele não queria porque dizia que o ator já tinha virado celebridade da globo. Então o garoto tomou sol até ficar com a pele esturricada, raspou o cabelo pediu pra fazer o teste e levou o papel. O diretor não teve como dizer que o papel não era dele. E era! Ele simplesmente deu um show!

Tinha a história de amor, linda, inocente, comovente, que faz a gente pensar, mas tinha muito mais que isso. Você fica inquieto, mexe com a gente, porque é muito a nossa realidade, que a gente não quer ver porque machuca, faz sofrer. Faz chorar. Eu chorei. Chorei de emoção, de tristeza, de surpresa, de indignação, de raiva, de respeito. A cena que Dé está no restaurante com a namorada, o pai dela e aparece o ex-namorado da garota é forte. A dignidade está estampada na cara daquele garoto. O orgulho que ele tem da vida dele emociona. Até o medo de chegar perto do amor platônico dele nos enche de compaixão.

Esse filme nos faz refletir, nos sentir responsáveis de alguma forma. O filme não é nada previsível, é forte do começo ao fim, como a nossa realidade.
SINOPSE DA MÍDIA:
“Era uma vez...” conta a história de um amor verdadeiro entre uma menina rica do asfalto e um rapaz do morro. Vizinhos em realidades diferentes, Dé e Nina se conhecem em campo neutro, a Praia de Ipanema, e acabam se apaixonando profundamente. Para ele, é o primeiro amor e à primeira vista. Para ela, a descoberta de uma pureza e uma sensibilidade raras. Juntos, os dois experimentam as alegrias, emoções e dificuldades de viver um amor tão grande quanto improvável para uma sociedade que alimenta preconceitos velados.

quarta-feira

Paraíso Perdido

ENTREVISTA COM CEES NOOTEBOOM
MESA DE NOOTEBOOM NA FLIP 2008
SITE ESPECIAL DA FLIP 2008


Cees Nooteboom é talvez o maior escritor holandês vivo. Foi um dos principais convidados dessa última Flip, onde fez sucesso junto ao público, numa conversa com o colombiano Fernando Vallejo. Sempre lembrado para o Nobel, ele chega ao Brasil com seu novo romance "Paraíso Perdido", o quarto publicado por aqui, país que ele conhece bem, de outros carnavais. O livro segue os passos de Alma, uma estudante paulistana de história da arte com gosto particular pela representação dos anjos. Um dia, sem motivo parente, vai à favela Paraisópolis, descrita, apesar do nome, como o inferno na terra, e seu carro enguiça. A descrição se justifica: Alma é estuprada por uma nuvem difusa de indivíduos. Obcecada por anjos, caiu nas garras de demônios. Perdeu seu paraíso. A epígrafe de Milton, utilizada no início do primeiro capítulo, em que Adão e Eva são postos para fora do Éden, ressoa como realidade nua e crua.Alma voa para a Austrália com sua amiga Almut, em busca de reencontrar seu paraíso. As duas são o oposto uma da outra: Alma é pequena, mignon e introvertida; Almut, por sua vez, parece-se com uma valquíria germânica, com peitos e altura enormes e um bom humor invencível. Alma se envolve com um aborígine, autor de pinturas fascinantes, enigmáticas. Mas que é também, por sua vez, enigmático, impenetrável, difícil. A amiga Almut, com seu pragmatismo, puxa Alma das mãos desse falso anjo para a terra. Depois de uma experiência como massagistas, ambas acabam aceitando um emprego curioso: num festival cultural, devem se fantasiar de anjos e espalhar-se pela cidade, colocando-se em pontos estratégicos, para que os turistas tentem encontrá-las. Quando isso acontece, devem suportar todo tipo de provocação em silêncio (talvez seja isso o que fazem os anjos, afinal: suportam nossa estupidez).Corte brusco para um avião. Estamos agora na segunda parte do livro, onde troca-se de personagem a seguir. No lugar de Alma entra Eric Zondag, um crítico literário famoso por destruir impiedosamente reputações de escritores. Ele (ou talvez o próprio autor, não fica claro) vê uma bela moça lendo um livro e, tentando adivinhar o título, acredita ser esse o livro, justamente o que nós leitores temos na mão. A metalinguagem, no entanto, é muito por conta do estilo ao mesmo tempo fluente e refinado de Nooteboom, onde nada é o que parece ser, mas tudo se encaixa, passa como se fosse algo simples, natural, e não um jogo intelectual.Um rabugento clássico, e também um alcoólatra, Zadong é convencido por Anja (mais um anjo), sua namorada saudável, 20 anos mais jovem, a internar-se numa clínica para se recuperar. A princípio contrariado, vê-se num ambiente asséptico, em que pouco é permitido e a frugalidade é a maior virtude - ou seja, uma caricatura do Paraíso eterno, tedioso.
Quando começa a aceitar as regras anódinas do lugar, sua massagista habitual é trocada. No lugar, reconhece as mãos de Alma, surpreendentemente fortes num corpo tão diminuto, sob as quais estremece. Três anos antes, ele a havia encontrado, vestida de anjo, naquele festival em Perth, na costa oeste da Austrália, para onde tinha ido convidado de um encontro literário (o festival existe de fato - Nooteboom esteve lá em 2000). E havia se apaixonado perdidamente por esse anjo (embora os anjos não tenham sexo, como reclama Almut). Do encontro inesperado, Nooteboom expõe sua filosofia peculiar (bem, expõe o tempo todo, sem prejuízo da fluência) e tira conclusões que se negam na mesma medida em que se afirmam, como as próprias ondas da vida.J. M. Coetzee (será coincidência que ambos tenham dois ee seguidos no nome?), o escritor sul-africano vencedor do Nobel, autor de "Desonra", entre outros, ficou bem impressionado com o livro, descrevendo a escrita de Nooteboom como "vertiginosa". O que de fato é, mas de modo a não perturbar o leitor. Ou melhor: "Paraíso Perdido" é um livro essencialmente perturbador, mas que provoca prazer. Segue as premissas de Italo Calvino: é curto e com vários capítulos. Em certo momento o Paraíso é descrito como o lugar onde não há mal-entendidos, não há desavença, não há discórdia, elementos essenciais à literatura. Portanto o livro de Nooteboom é uma defesa da narrativa. Ou uma visão, dentre as muitas possíveis, do próprio ofício literário.

# Texto de Daniel Benevides extraído do caderno diversão e arte do site http://www.uol.com.br/

Dobradinha de cinema

Adoro quando dá pra pegar duas sessões consecutivas de cinema. Adoro chegar na bilheteria e já comprar as duas entradas e depois é só sair de uma sala e entrar na outra. Os filmes foram "Uma garota dividida em dois"(França, 2007) e "Quem disse que é facil?"(Argentina/Espanha,2007). os dois são bons e valem a pena!

O primeiro tem um final besta, mas o filme todo é bom e surpreende. Só não entendo como Gabrielle (Ludivine Sagnier) pode interferir tanto no destino do playboy mimado falando alguma coisa, afinal a verdade é a verdade. O diretor é famoso e o filme era esperado, quem conhece bem cinema vai querer ver.
O segundo nos mostra como é possível duas pessoas totalmente diferentes viverem juntas. Um homem metódico, pessimista, preconceituoso, blindado por valores superficiais e uma mulher que viveu 15 anos viajando pelo mundo, fotografando, conhecendo pessoas e se livrando de qualquer julgamento ou preconceito. Tanto que está gravida e não sabe quem é o pai. Difícil, mas a gente sai cheios de esperança de que o amor vence qualquer barreira.



Direção: Claude ChabrolElenco: Ludivine Sagnier, François Berléand e Benoît MagimelSinopse: Uma jovem de 25 anos se envolve com um escritor casado, bem-sucedido, e com o dobro da sua idade. Ao mesmo tempo, porém, ela mantém um relacionamento com um rapaz milionário, belo e irresponsável.Novo filme de Claude Chabrol, estrelado por Ludivine Sagnier, uma das mais talentosas e requisitadas jovens atrizes do cinema francês.




Direção: Juan TaratutoElenco: Diego Peretti, Carolina Peleretti e Laura PamplonaSinopse: Um homem solteiro, solitário e obcecado por sua organização pessoal, apaixona-se por sua nova vizinha, uma fotógrafa bonita e desorganizada que se descobre grávida, mas não sabe quem é o pai da criança.Nova comédia romântica do mesmo diretor de Não É Você, Sou Eu.



terça-feira

Let´s do it. Let´s fall in love.


Tem certos filmes que fazem meu coração bater mais forte. E normalmente são filmes que contam a história da vida de alguém, mostram costumes de uma certa época. Se for década de 20, na época dos saraus de música, literatura, melhor ainda. Me sinto apaixonada, um turbilhão de emoções passam pelo meu corpo e tenho vontade de fazer com que aquelas cenas, diálogos fiquem gravados em mim, que façam parte da minha essência pra sempre, para lembrar como se fossem minhas memórias.
Tô falando isso por causa de De-lovely. Esse homem deve ter sido o galã da época. Me diz o que é Kevin Kline no papel de Cole Porter, com um figurino charmosíssimo, bem mais interssante do que hoje em dia, não?
Me apaixonei pelo casal que faziam, pelo amor que os uniu. Tem uma hora no filme que ele diz que ela o construiu e se pergunta o que ele deu em troca. Mas ela não poderia estar em outro lugar, quando diz: - não precisa me amar como eu te amo, basta me amar. É tão incondicional...
Uma história linda, de uma amor lindo e verdadeiro!

segunda-feira

Dia de chuva




" Estava eu em um de meus dias injuriados


com a chuva que não cessava


pensei forte: - Se está mesmo do meu lado


então faz parar de chover agora


e faz um sol aparecer na minha frente.


Parou de chorver e saí a andar na praia.


Caiu o maior toró de todos e


eu fiquei um pinto molhado,


andando debaixo daquele aguaceiro e


lembrando da minha arrogância"

quinta-feira

Meus últimos cinemas


É tão bom quando a gente sai do cinema gostando do que viu. Não tem nada mais irritante do que sair de casa pra ver uma bomba! Apesar do que acho que todo filme tem alguma mensagem, alguma coisa boa que podemos tirar como lição. Não gosto de crucificar um filme como os críticos que acordam de mau humor num determinado dia e caem em cima de um pobre diretor que deu de tudo pro projeto ir pra tela. Sempre tem um trabalho árduo que deve ser olhado! Acho que funciona assim: um crítico assiste ao filme, detecta alguma coisa nele, consciente ou inconscientemente, e se aquilo não é bem resolvido dentro dele e acaba com o filme na crítica. Freu explica!!!
Acho que os críticos deviam realmente fazer críticas, entender o filme, procurar pesquisar o que o diretor queria dizer com o filme, e ai saber se ele conseguiu dizer o que pretendia. Enfim...por ai...algo mais profundo do que simplesmente um parárafo irritado.

Bom...
esses dois de cima valem a pena!
Natureza me fez sair acabada do cinema, tive que ir pra casa e passei 3 dias pensando muito nele e lendo tudo que escreveram sobre ele na internet.
O Outro lado faz a gente pensar, mas bem mais leve, você não sai transtornado do cinema. Sai apenas pensando na vida...

terça-feira

Blog de "Blindness"


Ontem descobri o blog do Fernando Meirelles sobre o filme `Ensaio sobre a ceguerira´, adaptação do livro do autor José Saramago, prêmio Nobel de Literatura, para o cinema.
Lá ele fala sobre o seu processo criativo, o processo dos próprios atores criando particularidades do seu personagem, os contra-tempos de filmagens, os medos e anseios do test screening, preparação do elenco, enfim...tudo sobre a saga que é dirigir um longa.
Percebi que ele é um diretor que dá muita liberdade para a equipe, principalmente para o elenco que ele escolhe. Aceita muitas idéias e provavelmente deve acreditar que essa criação conjunta é essencial para um resultado mais real. Sou fã desse cara!

http://blogdeblindness.blogspot.com/

segunda-feira

O Conto do Amor - Contardo Calligaris


o livro é fininho, li em 3 dias, mas vale a pena! Sem contar que passa na Itália, em Florença na maior parte, com todas as piazzas a que o livro tem direito. Vc se imagina lá. O ponto de vista é masculino, mas ainda assim consegui me identificar com a Nicolleta.

A história é a seguinte: Antes de morrer o pai de carlo diz pra ele que tem certeza que foi ajudante de Sodoma, um pintor da renascença que pintou os afrescos de uma mosteiro. Ele fica com essa revelação guardada por 1o anos, quando resolve seguir os paços que o pai deu quando jovem, nos anos 30, período que ele disse descobrir sua vida passada.

quinta-feira

Bossa nova com Carlos Lyra

A mesa sobre bossa nova passou rápido demais. Quando estava ficando ótima teve que acabar. Carlos Lyra é alto astral, espírito jovem e muito engraçado. Definiu rapidamente a bossa nova como a união entre forma e conteúdo. Num primeiro momento eles zelavam pela forma, onde a harmonia e melodia eram construídas com critério, o que nunca foi abandonado. Até um segundo momento onde as letras começaram a ter um conteúdo maior, letras mais profundas que apenas falar de flores e amores como ele diz.
Depois contou histórias, como anoite mico de novembro de 1962 no Carnegie hall em Nova York, fazendo todo mundo soltar muitas gargalhadas. Desmistificou a lenda de que a bossa nasceu no apartamento da Nara Leão. "Isso diminui a bossa nova...e a Nara". Ele soltava " Sem crítica não há debate" e falava...contava casos...Falou de Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius, Roberto Bôscoli, Menescal, da influência de Cole Poter, Frank Sinatra, do significado do jazz para eles naquela época. " A Bossa Nova não foi um movimento como o Tropicalismo, não tínhamos nenhuma intensão maior do que fazer música, sair com as garotas e ir à praia".

Estava lançando em Paraty o livro a bossa e eu, que escreveu ao longo dos últimos 10 anos.

terça-feira

Flip

No primeiro dia da feira meus olhos molhados já me denunciavam. "Estou adorando mesmo estar aqui!".
Pra começar qualquer lugar que exista uma energia forte já mexe comigo, misturada com uma feira de livros, meu coração só podia bater mais rápido.
A exposição sobre a bossa nova estava linda e bem feita. Dava pra imaginar aquelas reuniões na casa da Nara Leão, onde a turma passava as noites fazendo música, compondo verdadeiras poesias. Ou os saraus na casa do maior poeta de todos, Vinicius de Moraes. Tem uma foto ótima, que estão ele, Chico Buarque e Tom Jobim deitados em cima de uma mesa, num astral maravilhoso, olhando pra cima, numa comemoração de aniversário do Vinicius.
Não consegui terminar a exposição naquela hora, tive que correr pra mesa de abertura sobre Machado de Assis, o homenageado do ano na Flip.
Para terminar tudo isso teve show do Luis Melodia, que requebrou, sambou e a galera aplaudia sem parar. Uma revelação pra mim foi o show de abertura, o cantor Luiz Perequê fez todo mundo gritar quando foi anunciado. Com um batuque instigante falava sobre o mar, passarinhos, natureza, o negro, o índio, a cultura brasileira.
Foi lindo!

# A flip aconteceu de 02 a 06 de Julho em Paraty.
Depois de muito tempo to voltando a escrever nesse blog. Ele mudou de nome, mas nao mudou de intenção, que é falar de coisas que realmente fazem a diferença na minha vida e sem elas eu seria incompleta.
Sem maiores pretenções, é apenas um espaço pra compartilhar um ponto de vista, idéias....um jeito particular de ver o mundo.

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