sábado

O tigre na sombra, de Lya Luft




Em 'O tigre na sombra' vi 'O bruxo'. Lya Luft escreveu a orelha do livro de Maria Adelaide Amaral, um texto lindo, forte que só alguém com profundo conhecimento da alma humana conseguiria fazer. Não sei se são amigas, mas com certeza são duas pessoas fascinantes.
Encontrei também Pirandello. A certeza de que somos muitos dento de um só. Conseguimos e devemos conviver com cada faceta de nossa persona para de alguma forma sermos inteiros, quisá realmente livres do julgamento alheio.
E principalmente vi alguém que percebeu desde cedo que a vida que corre dentro de nós, essa misteriosa e cheia de questões, pode ser avassaladora. E cabe a nós decidir conviver com a fúria dos nosso sentimentos mais íntimos ou ir viver o faz de conta do cotidiano, que sim, pode ser a vida real, mas pode também te tirar o chão quando a vida te prega uma peça, afinal você escondeu a vida toda aquela que poderia te dar algum suporte. E assim, pelo medo de ver no espelho a força da mulher que podia ser, decidiu não se olhar mais, deixando aquele tigre adormecido na sombra.
Nessa história, uma menina se descobre diferente e essa diferença vai fazer com que tenha uma infância e adolescência muito introspectiva, difícil, de muita dor por se sentir aquém dos desejos da mãe e profundamente incompreendida. Um vulcão com tão pouca auto-estima.
A menina do livro vira mulher. Um dia a ovelha negra desabrocha e vira, irônica e inevitavelmente, o fruto mais precioso que aquela família conseguiu gerar.
Quando conta sua história , já são lembranças. E é por isso que o livro tem uma força tão grande. Todos nós trazemos bagagens do tempo, Lya Luft soube definitivamebte o que fazer com a sua.



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