quarta-feira

Olho de gato de Margaret Atwood


" ...Elas me surpreendem, sempre me surpreenderam. Quando eram pequenas, eu achava que tinha de protegê-las de certas coisas a respeito de mim mesma, o medo, as partes mais confusas do casamento, os dias vazios. Não queria passar para elas nada de meu que pudesse prejudicá-las. Nestas horas, eu me deitava no chão, no escuro, com as cortinas e a porta fechadas. Eu dizia, Mamãe está com dor de cabeça. Mamãe está trabalhando. Mas elas não pareciam precisar desta proteção, elas pareciam perceber tudo, encarar tudo de frente, aceitar tudo..."

"...Começo a passar períodos fora do meu corpo sem cair. Nestas ocasiões, eu me sinto fora de foco, como se houvesse duas de mim, uma sobreposta a outra, mas de forma imperfeita...Posso ver o que está acontecendo, posso ouvir o que estão dizendo, mas não tenho de prestar atenção. Meus olhos estão abertos, mas não estou lá. estou observando de fora."

"...Ó Deus permita que ele se abaixe!Um dia achei que seria capaz de matá-lo. Hoje só sinto uma leve tristeza por não termos sido um pouco mais civilizados um com o outro na época. Ainda assim, era incrível, todas aquelas explosões, toda aquela agressividade, toda aquela destruição em tecnicolor. Incrível e doloroso e quase mortal."

" Ela deve ter sua própria versão. Não sou o centro da hitória dela, porque o centro é ela. Mas eu poderia dar a ela algo que nunca se pode ter, exceto vindo de outra pessoa: como você é vista de fora. Um reflexo. Esta é a parte dela que eu poderia devolver para ela."



Trechos do livro...

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