quinta-feira

A árvore da vida, 2011 de Terrence Malick


Tudo que se possa escrever sobre o novo filme de Terrence Malick jamais vai dar mensura para tamanha obra de arte. Tudo o que posso escrever ainda é pouco, ainda cabem muitas análises e interpretações. Sim, é um filme que nos faz sair mudos do cinema e com vontade de voltar e rever.
Idealizado por volta dos anos 70, o autor teve décadas a fio para internalizar o filme e o que vemos é uma extensão da sua própria voz, num limite tênue do que é auto biografia e ficção.
O filme me fez pensar em varias coisas. No início já nos questiona a fé. Uma mulher religiosa, que acredita em Deus piamente perde um filho e a partir daí se pergunta até que ponto esse deus existe e está olhando por nós. É uma família de classe média americana que vive nos anos 50, com um pai extremamente rígido que tenta passar valores de vida para seus filhos.
Malick usou imagens lindas e extremamente poéticas para contar toda a história, mas as imagens do início do universo, do início da vida e do planeta não costumam povoar as telas de cinema dessa maneira. Nos coloca, seres humanos, na nossa devida escala, somos nada, somos pequenos demais. Depois disso nos faz chorar escancarando os verdadeiros valores da vida, o que de fato é importante e que esquecemos, como as crianças brincando inocentes no jardim, o brilho do sol, o passeio de uma borboleta, nos fazem lembrar que somos mais uma parte de tudo aquilo que tínhamos acabado de assistir. É tão belo!
Num determinado momento o filme vai tomando outro rumo, e é quando percebo que é ali que o diretor conta sua história com o pai. Esse pai extrapola, vai percebendo que não conseguiu o que queria na vida, endureceu, perdeu a esperança; e a frustração fez com que exacerbasse nas cobranças daquelas crianças, querendo a todo custo que fossem adultos perfeitos, bem sucedidos e praticamente esquecendo todos aqueles valores tão simples com que foram criadas na infância mais remota. Ele passa do ponto. Depois sente remorso. É muito triste.
Todos se perguntam o tempo todo o sentido da vida; se algum deus existe porque coisas que nos fazem tanto sofrer acontecem? E se é tudo tão difícil e obscuro porque não começamos a procurar sentimentos menos efêmeros e começamos a dar importância para as coisas mais simples e duradouras da vida?
Uma relação entre pai e filho e as consequências dela na vida de um homem, "A árvore da vida" nos dá de presente muita coisa usando uma história simples. Isso é a prova de que é possível transformar histórias simples em filmes poderosos. Aliás começo a crer que filmes poderosos nascem justamente de histórias assim, que fazem parte do nosso cotidiano, que fazem parte da vida simples.


2 comentários:

Gio disse...

me deixou mais curiosa Sa!!!

David Cotos disse...

Poético y hermoso, una gran película.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...