sexta-feira

Para Roma, com amor - 2012 de Woody Allen




Nosso querido Woody Allen segue fiel ao seu velho hábito de lançar um filme por ano. Depois de chegar a conclusão de que ele está deixando de ser aquele diretor alternativo, que ninguém entendia muito bem, e está se tornando um cineasta pop, sigo relembrando o longa.
Um parêntese: de qualquer forma nivelar roteiros por cima é ótimo, se nosso pop evoluir para isso vou estar feliz. Só não vale começar a fazer alianças políticas demais e se vender, como diz o personagem do Alec Baldwin - Isso as vezes acontece!
Em primeiro lugar, Para Roma... não é incrível como Vicky Cristina... e nem uma obra de arte como Meia Noite em Paris, mas é um filme que vale a pena!
Além de voltar a atuar como um americano neurótico que a gente tanto conhece, Allen faz boas críticas sobre o mundo das celebridades instantâneas, debocha dos tapetes vermelhos e das relações superficiais.
São quatro histórias paralelas, todas ambientadas em Roma. O diretor segue firme e forte no seu tour de filmagens pela Europa e prestando verdadeiras homenagens às cidades que decide filmar. É quase um institucional se não tivesse sempre um roteiro bem amarrado e diálogos inteligentes. Mas até panorâmica da Piaza de Espanha o filme teve direito. Passando pelas ruínas da cidade que todo mundo conhece, Allen deu prioridade para as ruelas típicas da cidade. Homenageou os grandes tenores de forma bem humorada e o cinema de Fellini.
Usou o nonsense para falar da chatisse das celebridades instantâneas que tanto dão ibope nos dias de hoje, quando a industria se preocupa em saber amenidades sobre a vida particular dos outros. Roberto Benigni está hilário no papel do simplório homem de classe média que da noite para o dia fica famoso sem entender porque. E depois, quando a imprensa muda o foco ele já ficou viciado na fama.
O alter ego do garoto de Jesse Eisenberg, vivido pelo Baldwin é o ponto de vista do diretor, que se coloca nitidamente em vários momentos, inevitável.
A pequena Ellen Page faz uma (sexy?) atriz em crise porque vive uma vida tão pobre, se relaciona com o mundo de forma tão superficial que não pode ser diferente. Adoro Woody Allen por isso, ele tem uma visão tão clara da sociedade do seu tempo e a critica de forma tão ácida e descarada, que não tem como não sair de casa para ver qualquer filme seu.
E só ele, gênio e despreocupado que é, critica o título do próprio filme e conta que teve de mudar para algo assim, simplório, porque simplesmente as pessoas não entendiam o título original: Bob Decameron - Nem na Itália as pessoas sabiam quem era Decameron. Conta-se que disse o cineasta, meio abatido.

É...como eu digo, são tempos difíceis!

Um comentário:

Leo|mascaro disse...

Sá, seu texto é uma delícia, como sempre!

Revi o filme pelo seu olhar, e adorei perceber várias sacadas que não tinha pescado no cinema!

Continue assim! ;D

beijos

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