domingo

Gonzaga - de pai para filho, de Breno Silveira




Artistas incríveis e grandes sucessos a parte, o que vemos aqui é um emocionante acerto de contas entre pai e filho. Um eterno menino que de alguma forma precisa buscar a redenção num pai ausente, torto, que mesmo longe de ser um pai decente, o amava.
Como alguém da roça, criado no meio do sertão nordestino nos anos 30, pobre de tudo, poderia ser um pai num Rio de Janeiro boêmio, pré ditadura militar? Aquele homem não saberia criar aquele menino sozinho. Não que ele tenha feito certo, deixar uma criança que perdeu a mãe para outra pessoa criar é não ter dentro de si um pai. Se houve algum sofrimento durante todo o tempo em que esteve fora, o filme não explicitou. De qualquer forma não se pode pedir de alguém aquilo que ele simplesmente não tem para dar.
Conseguimos passar para os filhos aquilo que recebemos, o que nem sequer sabíamos que precisávamos e continuamos a viver sem saber que precisávamos e não tivemos dos nossos pais por diferentes motivos, nunca seremos capazes de consertar com os nossos filhos. Criar alguém de caráter é relativamente fácil, desde que sejamos pais íntegros e honestos, via de regra, serviremos de exemplo. Criar filhos emocionalmente saudáveis, que tenham recursos para lidar com a vida, aí sim, é o grande desafio humano.

Apesar da semelhança com Luiz Gonzaga não consegui me acostumar com Chambinho do acordeon, quem o interpreta a maior parte do filme. Destaque para Cláudio Jaborandi fazendo seu Januário e Júlio Andrade que faz um Gonzaguinha com uma carga dramática inquestionável.
As cinebiografias nacionais apesar da busca pelo grande público me parecem mais sinceras que as romantizações americanas. Apesar do grande apelo emocional não se vê muito pudor em retratar os fatos. A direção sem grandes novidades, nenhuma câmera mais ousada me chamou atenção.
No mais... derramei muitas lágrimas.



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