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quinta-feira
A filha da Herege, de Kathleen Kent
A Filha da Herege conta a história de uma menina vivendo a caça as bruxas na época da colonização inglesa nos Estados Unidos. Na verdade é uma mulher, deixando por escrito seu legado para a neta, explicando de onde ela veio e tudo que sabe a respeito da origem da família.
O livro nos faz voltar no tempo, época em que viveu nas aldeias americanas, sobrevivendo do que se plantava, parindo em casas muito simples com parteiras e curandeiras que usavam ervas como medicamentos.
E ainda assim, em tempos mais remotos a essência humana é a mesma, os problemas existenciais e emocionais são exatamente os mesmos de hoje, a cobiça, a inveja, o ciúme mostram que não importa a época que se vive, o ser humano carrega dentro de si a capacidade nata de fazer o bem e o mal.
Naquela época, as famílias giravam em torno das mulheres, eram elas que criavam os filhos, alimentavam a casa e organizavam as colheitas. Os homens tinham importante papel na execução de um trabalho rural árduo e nas caças necessárias para a sobrevivência. As mulheres tinham a sabedoria, os homens tinham a força. Por causa dessa sabedoria foram vistas como bruxas e obrigadas a pagar um preço muito alto por serem pessoas especiais. Como ainda hoje, dons especiais geram recalques. Não são todos que labutam no caminho árduo do aprendizado, preferem cobiçar o que é do outro, sem ter que lutar pelos próprios feitos.
De todo modo, o livro faz muito mais um retrato de um período do que romantizar sobre o tema. Deixa claro que tudo o que aconteceu naquele tempo foi muito mais um surto psicótico de uma dúzia de meninas fantasiosas do que necessariamente o medo do poder feminino. A questão não eram as curas ou manejar de emplastros ou poções e sim falta do que fazer em tempos de varíola, quando essas pessoas ficavam em casa para tentar ficar a salvo da doença.
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