quarta-feira

A Busca, 2013 de Luciano Moura




A Busca, o filme de Luciano Moura vai na contra-mão do muitas vezes estereotipado cinema brasileiro. O que o torna um filme redondo, honesto e com um roteiro que analisa a educação que damos para nossos filhos hoje em dia.
Questões como liberdade demais ou de menos para crianças de quinze anos que viajam sozinhas de carro pelo país, em busca de novas experiências, são temas atuais. No mundo de hoje, com tudo acontecendo mais precocemente na vida dos adolescentes, será que ainda podemos segurá-los? Será que ainda conseguimos retardar certas vivências, esperando um momentos de maior maturidade, sem deixar nossos filhos dentro de uma bolha de proteção, inocentes demais num mundo que não cabe mais na nossa agenda telefônica?
Se deixarmos demais, devemos pensar na educação que estamos dando, ter alguma sombra de certeza de que ela segurará a onda das questões que fatalmente irão surgir nas suas cabeças quando não estivermos por perto.
O casamento ainda é o sentido maior da vida para muitas pessoas, ali criam suas famílias, parem os filhos que um dia seguirão sozinhos para o mundo. E é tão somente nossa a responsabilidade de criá-los, mas enquanto isso estamos preocupados demais em ganhar dinheiro, fazer nossos mestrados e doutorados, ser o mais bem sucedido dos profissionais, saber de tudo o que está acontecendo no mundo para saber conversar sobre todo e qualquer assunto, e nossos filhos estão em casa com a babá. Ou então matriculados em tantas atividades e enquanto deviam estar brincando e portanto fazendo suas experiências livremente, estão com uma agenda tão lotada quanto os próprios pais.
E aí acontece o que mais angustia no longa de Moura. Os pais não conhecem os filhos que tem! Mas não conhecem mesmo! É tao surpreendentemente verossímil que assusta. É preciso perdê-lo de vista para que aquele pai descobrisse, na busca, quem ele tinha dentro de casa o chamando de pai, o quanto podia se orgulhar daquela criança, o quanto poderia estar presente, mostrar caminhos ou falar dos próprios caminhos.
Se não falamos da vida para eles através dos nossos olhos, eles procurarão outros olhos. Simples assim.




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