segunda-feira

A Condessa Cega e a Máquina de Escrever, de Carey Wallace




Uma história da Itália do século XIX, A condessa cega e a máquina de escrever é poesia pura. Não na linguagem nada rebuscada, mas nos sentimentos, no estilo de vida das pessoas, no que as faziam felizes, na vida simples vivida no campo, com a natureza fazendo parte de cada minuto do cotidiano, e no tempo que passava sereno, trazendo calmaria.
Bem jovem Carolina percebe que está ficando cega. Conforme os dias vão passando ela conta de um a um, mas as pessoas não dão tanta importância para suas palavras. Ela segue seus dias convivendo com a visão debilitada, com seu entorno se transformando a cada dia.
Quando a visão é completamente substituída pela escuridão silenciosa, Carolina já imaginava o que a esperava e descobre a partir daí uma maneira de viver, das lembranças que tinha quando enxergava, dos novos sons que agora povoavam seu redor.
Na prática, ficou mais difícil chegar nos lugares escondidos na floresta que tanto passeava desde criança, mas passou a ouvir música com a alma e foi a única no vale a escrever cartas numa primária e inédita máquina de escrever. Sonhava com mais realidade e descobriu habilidades que não teria se a sensibilidade não tivesse, a partir de então, aguçado seus instintos e a tornado capaz de viver tão a flor da pele.


"Nada era omitido. Se ela deixasse, ele começava com um beijo casual em sua nuca enquanto a guiava pela floresta e terminava com os dois emaranhados nas agulhas de pinheiros ao lado do caminho argiloso. Cada noite era uma experiência ímpar. Ele abria um a um os botões de seu vestido, afastava-o de seus ombros, mas se mantinha a um passo de distância, delineando seus lábios, seu maxilar, seus seios, para ver onde ela respondia, quando ela prendia a respiração. Quando estavam deitados, aconchegados um no outro, ele cobria seu rosto com as mãos, estudando suas feições pelo tato, como se o cego fosse ele."


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