quarta-feira

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, 2012 - de Beto Brant e Renato Ciasca





O filme é de Camila Pitanga. Filme de atriz, já que ela arrasa na atuação, verdadeira, intensa, complexa. O que vemos na tela é uma atriz de várias nuances, que vai da menina inocente à mulher traumatizada, da sexy à louca em um único trabalho. Completamente abduzida pela personagem, Camila está incrível.
Adaptação do livro homônimo de Marçal Aquino, Eu Receberia... nos envolve, os planos sequência dão mais valor ainda às interpretações, que é, definitivamente, o ponto forte. Mas, como adaptar um livro para o cinema é talvez o maior desafio da sétima arte, sinto problema no roteiro. Ainda não li o livro, é claro que sempre terá mais detalhes, no longa faltou informação.
O foco foi o triângulo amoroso vivido por Lavínia (Camila Pitanga), mulher misteriosa, a quem vamos conhecendo aos poucos, Cauby (Gustavo Machado), um fotógrafo forasteiro que está morando na cidade e Ernani (Zé Carlos Machado), um líder e pastor evangélico que salvou Lavínia das drogas e da prostituição e se casou com a moça. O pano de fundo é o desmatamento da Amazônia numa cidade ribeirinha, onde a população luta para preservar suas terras e a natureza. E aqui chegam as perguntas: É essa luta que tira a vida do marido traído? Por ele se envolver demais em assuntos que não lhe dizem respeito? O colunista social trai o amigo por pressão dos malfeitores que querem Ernani menos engajado nos problemas sociais? Por que os dois índios fotografados no início do filme? Por que Lavínia diz para Cauby que tem medo do que pode acontecer se seu marido no fim das contas compreende e aparentemente perdoa sua traição?
É um triângulo onde quem destrói a vida de cada um são terceiros... que nada teriam contra a relação dos três. Se Brant quis passar a idéia de que em algumas cidades ainda se limpa a honra de maneira primitiva, não foi por aí. Faltou a ligação entre o triângulo amoroso e as mortes, o entorno.
Quero ver novamente, aliás preciso ver novamente. Gosto tanto das interpretações, as tomadas e direção de arte têm tanta qualidade que preciso achar um sentido para o longa. Esperei tanto por ele, quem sabe depois de uma noite de sono as idéias se organizem melhor?




Um comentário:

Cris Brandao disse...

Continuo sem saco de ver filme brasileiro!!! Confesso...o Óscar fica enlouquecido quando falo isso...rsrsss. Mas a estética americana ficou marcada demais em minha afetividade (lembranças do meu pai). Tvz esse "não gostar" seja medo de esquece-lo. Definitivamente não consigo!

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