segunda-feira

Um Conto Chinês, 2011 de Sebastián Borensztein



O cinema clássico pede que os personagens fechem um ciclo durante a trama. É esperado que o personagem seja apresentado, se proponha o drama ou conflito e por fim, a resolução desse conflito. Sendo necessário que esse personagem passe por uma transformação, ou seja, comece de um jeito e termine mudado, com uma lição, um aprendizado, enfim, o personagem precisa crescer.
E assim fez Sebastián Borensztein, diretor de Um Conto Chinês que deve ser visto ontem, que pode ser um daqueles filmes que ficam em cartaz por longo períodos. Roberto, personagem de Ricardo Darín, é um homem solitário que vive cheio de manias, sem muitos amigos, colecionando fantasmas paternos e vendendo pregos e afins numa lojinha de Buenos Aires. Por forças do destino aparece na vida dele um chinês perdido que não fala uma palavra de espanhol. Ele agora precisa ajudar o pobre homem a achar um tal parente. Praguejando, odiando ter que dividir sua solidão com um intruso dentro de casa, vive dias de tormento tentando se comunicar com o inesperado hóspede e nos faz dar boas risadas.
Se você acredita em destino, que nada acontece por acaso esse filme parece mais precioso. É preciso que uma vaca caia na cabeça de uma noiva lá na China para que um homem que não consegue nem olhar para os lados lá em Buenos Aires consiga enxergar que a sua redenção está bem na sua frente, que por ser tão cheio de manias, tão carrancudo, tão preconceituoso, não consegue entender que a vida está dando pra ele uma chance de ser feliz. Vivemos muitas vezes tão obcecados com o cotidiano que esquecemos de dar importância aos sinais, aliás, muitas vezes nem os vemos. E o filme está aí, usou uma história tragicômica - surreal até, afinal onde vacas caem do céu? - para nos fazer refletir e falar exatamente sobre isso.
A tragetória dos personagens se cumpre, fecha-se um ciclo para cada um dos dois. Depois do encontro estão mudados, prontos para seguirem seus caminhos. Um foi importante para o outro naquele ponto, naquele momento, naqueles 93 minutos de filme.

Um comentário:

Marcelo Gomes disse...

Filme maravilhoso, não me lembro de um melhor esse ano!! Adorei!! Humano e muito engraçado!!!

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